sexta-feira, 23 de julho de 2010

"Sozinho" na Cinequanon

Texto retirado da Cinequanon escrito por Cid Nader

"Daniel Ribeiro parece estar tomando um rumo panfletário em defesa da causa homossexual. Foi assim no seu hiper-sucesso anterior, “Café com Leite”, e é assim, novamente, em eu Não Quero Voltar Sozinho”. O “problema” é que ele entende de cinema, e, por mais que seus filmes se “manifestem” como obras de características propagandísticas, o resultado vem sempre pela constatação de trabalhos bem concretizados e de forte apego ao bom modo de confecção.

Esse novo é mais leve no modo de tocar o assunto e, como já havia acontecido no outro, não se atém somente a ele como mote condutor. No anterior, as cenas de carinho entre jovens adultos causava uma certa comoção (misto entre incômodo e curiosidade manifestada claramente) na plateia. Neste, não há cenas impactantes como peça de propaganda – o único momento em que acontece “algo” é tão ligeiro como um piscar de olhos -, mas há reações do espectador. Neste, Daniel se arma de esquematismos fáceis que indicam aonde o filme irá chegar (as primeiras perguntas de Leonardo, um garoto cego, a Giovana sobre as características de Gabriel já vem “banhadas” de compreensões sobre o futuro da trama; o esquecimento de um moleton; um aniversário de uma tia..), o que poderia comprometê-lo. Na realidade, compromete um pouco, sim.

Porém, quando se constata o resultado, quando se amplia a visão e nota-se que há mais do que “somente” a panfletagem, percebe-se que o filme fala, também, de carinho e descobertas na adolescência. Descobre-se a razão da reação positivíssima da plateia (como ocorria sempre com “Café com Leite”) que o assistiu, e consegue-se notar que Daniel tem um dom raro (não fruto do acaso) para a comunicação com o público. Acho, ainda, o filme anterior superior, mas talvez mude de idéia, já que, no caso daquele, transformei meus conceitos cada vez que o revia."

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